Zhang Yimou

Biografia e Filmografia (download) de Zhang Yimou

terça-feira, 14 de julho de 2015

Tom na Fazenda (crítica e download)


O jovem grande artista chamado Xavier Dolan é realmente encantador. O primeiro filme que vi dele foi Mommy (Mommy, Canadá, 2014)- que você pode ler a crítica aqui - e depois daquela explosão de sentimentos busquei ver todos os outros dirigidos por ele.

Tom na Fazenda (Tom à la Ferme, Canadá, 2013) foi produzido antes do sucesso e bem recebido Mommy, e na prática se torna um filme com técnica totalmente diferente dos trabalhos de Dolan. O filme ganhador do FIPRESCI em Veneza 2013, trás para as telas uma temática de suspense e drama psicológico extremamente bem construído em um enredo angustiante.

Protagonizado pelo próprio Xavier, o filme narra um episodio da vida de Tom, um rapaz que após a morte de seu parceiro, visita à casa da família do falecido. Entretanto a mãe do seu companheiro não sabia da existência dele ou da relação que os dois mantinham.  Assim, ele embarca em uma crise familiar, sendo obrigado por Francis (Pierre-Yves Cardinal), o irmão mais velho, a participar desse drama.

Como é comum nos filmes de Dolan, não sabemos exatamente nada a respeito dos personagens. É nítido como ele gosta de tratar de momentos exclusivos da vida dos personagens, sem responder as perguntas que nos vem à cabeça: como eles se conheceram? Como foi que Guillame morreu? Quem é essa pessoa Francis?



Essas respostas não são pertinentes para Dolan no desenrolar da trama, ele deixa que o espectador tire as conclusões que quiserem. O que importa é os sentimentos que são aflorados durante o desenvolver do filme. Tom está dominado pela dor e o luto. Sua viagem ate a casa do falecido parceiro era uma busca desesperada em encontrar alento e companhia para enfrentar tal sofrimento. Mas além de não achar o que procura, encontra uma situação doentia e a verdade de entender que não conhecia a pessoa com quem vivia e amava há anos.

É interessante como a linguagem cinematográfica consegue transmitir a energia e a tensão do ambiente em que a história irá surgir. Desde o inicio Dolan trata do cenário o mais fúnebre possível. Um ambiente como uma fazenda é algo fértil e vivo, mas aqui é seco e morto. A sensação é de inospitalidade, e de frieza, o que também se reflete pelo olhar de Tom, que está de luto. Sabemos que algo está errado também pela construção da casa – o quarto de Francis é pequeno e claustrofóbico, a janela é minúscula e as persianas de faixas verticais, é a metamorfose do ambiente em uma prisão. A mãe de Guillame, Agathe (Lise Roy) se torna um espectro dentro do ambiente, em uma mistura perturbadora de alguém que sabe da realidade e a força que mantém em acreditar no que dizem a ela. Ela passa a dedicar a Tom se este fosse seu filho, visto que o rapaz desconhecido era o único elemento vivo do falecido filho. E então temos Francis.

Assim como em Mommy, onde Xavier Dolan cria o personagem Kyla (por Suzanne Clément), que não sabemos nada sobre sua história, e é um personagem enigmático e essencial na trama, temos Francis de Tom na Fazenda.  O irmão mais velho não permite que saibamos qual sua personalidade e qual serão seus próximos passos. A simples presença dele é o ponto de partida para a tensão se iniciar, seja com a câmera turvada ou com a trilha sonora que se torna perturbadora. Tom se vê atraído por este homem, mas isso se dá por sua fragilidade neste momento tão difícil. E da mesma forma que se inicia, termina o filme sem que nenhuma conclusão realmente concreta se possa ter de Francis. Nem mesmo Tom consegue chegar a isso.


Realmente Xavier Dolan trás uma bagagem pessoal muito sentimental em seus filmes. Em certos enquadramentos da casa, principalmente na relação de visão da sala-cozinha, se assemelhava os enquadramentos encontrados em Mommy do mesmo ponto de vista. Além de mais uma vez ele expor as personagens femininas com roupas tão “bregas” e extravagantes. Aqui quem parte nesse cenário é Sarah, personagem conclusiva da trama, vivida por Evelyne Brochu.

A trilha sonora marcante e envolvente - marca registrada de Xavier Dolan - cria a proeza de nos prender até o ultimo segundo dos créditos finais, além de ajudar na construção desse universo psicótico, nutrido pela dor de três pessoas que não sabem como se libertar do passado e continuar a viver.  


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