Zhang Yimou

Biografia e Filmografia (download) de Zhang Yimou

quarta-feira, 15 de julho de 2015

Minha Doce Terra Amarga - My Sweet Pepper Land (crítica e download)


O curioso filme Minha Doce Terra Amarga (My Sweet Pepper Land, França/Alemanha/Irã, 2013) dirigido por Hiner Saleem, trata-se de um faroeste bem construído. Ao contrario do oeste americano, temos o interior do Curdistão, terra natal do diretor, região localizada no Iraque próximo a divisa da Turquia e Irã. É preciso dizer que de acordo com o IMDb, o filme foi gravado exatamente neste local, e por isso o ambiente é tão realístico.

Sendo a linguagem principal o curdo, o filme narra à história de Baran (Korkmaz Arslan). Um policial honesto e justo, que disposto a trabalhar em algo útil, aceita o encargo de comandante da policia de um vilarejo no interior do Curdistão Iraquiano.  Melhor dizendo: fim do mundo! Lá ele conhece a professora da vila, Govend (Golshifteh Farahani)  e os dois passam a ter problemas em combater a lei regida pelo corrupto local Azaz Aga (Tarik Akreyî).

Todos os elementos no filme sugerem ao faroeste. O vilarejo tão distante só é possível chegar a cavalo ou a pé. A construção do “hotel/restaurante/mercearia” é a representação das tavernas dos antigos filmes. Ali os homens se encontram, ali o forasteiro chega e se apresenta para o povo, como ocorreu com Baran. Com o cigarro e olhar ameaçador, o policial tentar impor sua autoridade em uma terra sem lei.


Além disso, temos a presença da professora. Baran é um homem da capital, mais aberto para a modernidade e entende a necessidade de ter estudos para as crianças do vilarejo. Entretanto, como também ocorrem em muitos lugares desse enorme Brasil, o povo fica a mercê de ricos que se colocam acima da lei, e fazem o que quiser com essas pobres pessoas.

Baran passa a proteger Govend, não só pelo seu interesse romântico, mas também por ela ser uma mulher solteira trabalhando, o que não é bem visto naquela sociedade. A professora por sua vez enfrenta todos os obstáculos para conseguir seguir sua vocação de magistério, e acha em Baran um parceiro de luta.

Minha Doce Terra Amarga é um filme que mescla momentos de tensão e de comedia. Isso se dá por seu roteiro que apresenta as situações como elas são, e algumas de tão absurdas chegam ao cômico. Retrata uma nova visão dessa região, fugindo das atrocidades com que Saddam Hussein instaurava no Curdistão, e mostrando a corrupção e poder de uma terra sem lei, como também mostra a resistência com força feminina - representada pela milícia do Curdistão turco. Aqui a presença da mulher é forte e essencial para o enredo.

Como eu havia digo, o cenário é de fim de mundo: uma vila no meio das montanhas, bastante pobre e indefesa. Apesar disso, temos paisagens lindas, e uma fotografia carregada de tons cinzas – principalmente por ser inverno.  Muitas referências são encontradas aqui com o clássico de John Ford, Paixão dos Fortes (My Darling Clementine, EUA, 1946). Como os enquadramentos dos homens de costas com o céu, marca registrada do cineasta americano. O mesmo justo e honesto e a professora que necessita de amparo.


A trilha sonora tão diversa – com direito a Elvis - é um capricho criativo do filme, e diferente do que se encontra em produções de caráter do médio oriento. Além da música tema tocada no instrumento hang por Golshifteh Farahani, apresenta em seus momentos de angustia e felicidade.

Este faroeste foi selecionado para a mostra Un Certain Regard em Cannes 2013, é muito além de uma história de vingança, é uma narração harmoniosa de justiça em um ambiente carregado de guerra.


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4 comentários:

  1. Os links de 'Minha doce terra amarga' não estão ativos. Parabéns pelo site e pelas críticas.

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    1. Desculpe a demora Beto, mas o link já está atualizado ok? Abraços!

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