Eu já comentei aqui nas minhas humildes críticas como que
filmes com temática que envolve mães me comove. Acho que é um tema incrível, e
que é possível de ser explorado de diversas maneiras. Este filme em questão trata também de uma
relação materna, A Grande Ilusão (Emanuel
and the Truth About Fishes/The Truth About Emanuel, EUA, 2013).
Dirigido e escrito por Francesca Gregorini, o filme trata de
colocar a personagem Emanuel (Kaya Scodelario) como protagonista. Ela é
adolescente e vive com os problemas típicos dessa fase – namoro, escola,
trabalho - só que piorados pela dificuldade de se adaptar ao fato de sua mãe
ter morrido ao lhe dar a luz. Foi criada pelo seu pai (Alfred Molina), e mantem
um relacionamento conflituoso com sua madrasta (Frances O'Connor). Tudo muda
quando Linda (Jessica Biel) se torna sua vizinha de lado, e ela passa a ser a babá
da filha dela.
Temos que concordar que é um enredo muito inteligente e
criativo. A relação materna que surge entre Linda e Emanuel no ambiente doentio
que se caracteriza a história é bem construída. A jovem vê na vizinha a sua mãe
falecida, e o desespero em protegê-la é em parte sua autoproteção, no medo
crescente de que essa relação termine e ela se veja novamente sem mãe. Essa
projeção é feita até mesmo na caracterização do personagem, onde Linda se
apresenta muito parecida com a mãe de Emanuel.
O mesmo ocorre com Linda: ela se vê na jovem, e seu subconsciente
a adere em sua vida quando percebe que Emanuel compartilha e divide o segredo
com ela. Claro que essa harmonia é quebrada, e vários problemas surgem diante
disso. Mas como eu disse anteriormente, é um enredo muito inteligente e foi bem
produzido. A compaixão pelas duas é
imediata, e nos sentimos perturbados por essa relação ter sido rompida,
querendo de certa forma continuar nessa “ilusão”.
Scodelario e Biel conseguiram manter uma ligação intensa com
suas atuações, o que é essencial para o roteiro. Inicialmente o filme teria
Rachel Weisz como a personagem Linda e Rooney Mara como Emanuel. Por conflitos
de trabalho, ambas foram substituídas, e Mara se manteve na produção do filme.
A Grande Ilusão estreou com boas recomendações no Sundance 2013.
Não é a pérola do cinema independente americano, claro, mas é
bem feito e bonito de se ver. Alfred Molina e Frances O'Connor completam o
elenco deste filme com boa edição e fotografia fria e azulada, em referência ao
oceano que se faz presente na narrativa. Linda e Emanuel se encontraram em
momento em que ambas estavam perdidas e que de certa forma uma é o que a outra
precisava. Essa cumplicidade entre as duas é a forma de liberta-las de todas as
dores do passado.
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