Zhang Yimou

Biografia e Filmografia (download) de Zhang Yimou

domingo, 4 de outubro de 2015

Maze Runner: Correr ou Morrer/ Prova de Fogo (crítica e download)


A segunda parte da trilogia de Wes Ball, Maze Runner: Prova de Fogo (Maze Runner: The Scorchs Trials, 2015, EUA), chegou aos cinemas no ultimo dia 17 de setembro. Em uma investida ridícula de angariar lucro, o estúdio lançou em formato 3D, e o clássico 2D. A desnecessidade da terceira dimensão é obvia, sendo um bom entretenimento na nossa normal e adequada segunda dimensão. Desde que assisti Maze Runner: Correr ou Morrer (The Maze Runner, 2014, EUA) tive vontade de escrever esse comentário critico, mas como já estava próximo da estreia da sequência prefiro emendar os dois em um mesmo texto.

Os filmes são adaptações dos livros de James Dashner, lançado a partir de 2009. Talvez esse seja um ótimo exemplo do que realmente se trata uma adaptação cinematográfica. Adoro distopias, e li os dois primeiros livros, embora seja totalmente desnecessário para entender a narrativa fílmica. Ou seja, voltamos ao fato básico: filme é filme, livro é livro. São distintos, e isso não é ruim.

Apesar de ser de grande estúdio, Hollywood a toda a prova, Wes Ball construiu sua própria trilogia. É obra de Ball, não de Dashner. As pessoas precisam começar a entrar em uma sala de cinema e se permitir admirar uma nova visão de uma ideia. Isso é cinema.

Correr ou Morrer, 2014
Em Correr ou Morrer somos introduzidos na narrativa protagonizada por Thomas (Dylan O’Brien), que acorda assustado e desmemoriado em uma gaiola de metal. Após esse momento de choque (para o personagem e o espectador, claro), ele de repente se vê em um grande campo, preso no centro de um labirinto de pedra, junto com mais algumas dezenas de rapazes.  Ninguém se lembra, ninguém sabe como chegaram ate lá.

Embora se torne mais evidente no livro à dinâmica social que se forma, o roteiro de Ball foi bastante fiel a mostrar como que uma sociedade se organiza e sobrevive em um ambiente hostil. Ao contrario do que muitos pensam, em determinadas circunstâncias o ser humano instintivamente se adéqua a essas situações. E muitas referências filosóficas e antropológicas são retratadas aqui (não sei dizer se acidentalmente ou propositalmente), como a teoria da caverna de Platão e a formação de Estado. Esse tema foi profundamente tratado em O Senhor das Moscas, de William Golding (incluindo uma adaptação cinematográfica em 1990). E claro, que Maze Runner é superficial ao abordar essa filosofia, mas evidências então por lá.

Após o estranhamento de serem colocados na “clareira”, saem do estado de natureza, e admitem-se submeter a uma força superior. Os garotos do labirinto criaram por si mesmo um Estado, erguendo como liderança um dos rapazes, além de se estabelecerem três regras básicas de sobrevivência. Todos possuem um trabalho especifico, e são cabíveis de punição caso descumpram as regras. Ate mesmo o próprio vocabulário foi criado, com palavras como “mértila” (derivação de merda) e “trolho” (idiota, babaca etc), ou seja, um sistema completamente consolidado e funcional, que não os permitia questionamentos... Até a chegada de Thomas.

Correr ou Morrer, 2014

Nessa questão Thomas, viria ser o elemento principal de desordem, e quebra do sistema. E para que tudo se complique ainda mais, surge mais um elemento essencial e que opera complicações no já frágil sistema, uma garota chamada Teresa (Kaya Scodelario) chega ao labirinto, exclamando a plenos pulmões o nome de Thomas. E nessa parte surgem em contraponto um personagem interessante, o Gally (Will Poulter). Este viria ser toda a representação e prática da ideia da caverna de Platão.  O temor e o desespero do desconhecido, do virar as costas para a realidade e não acreditar nos questionamentos que todos passam a ter quando Thomas começa a desbravar os mistérios do labirinto. A clareira é a caverna de Gally, e parte para a violência e força bruta para que este sistema já destruído consiga se firmar.

São várias conclusões que podemos tirar do filme, e não quero equiparar a qualidade da ideia com a de O Senhor das Moscas, mas são duas fontes necessárias e que poderiam ser muito bem exploradas em uma sala de aula por exemplo. Minhas aulas de filosofia e sociologia sempre foram um tédio, com textos enormes e que não eram muito explicados pelos professores. A minha sorte é que eu tenho uma irmã antropóloga e socióloga, ou seja, aprendi a ver de outra maneira aquela chata disciplina. E quando assisti ao filme, pensei, poxa por que não usar isso como forma de aprendizado? Vivemos na era da informatização e modernidade, as informação são dadas a uma rapidez absurda, a cabeça de uma criança ou adolescente já nem é igual a minha na idade (e sou bem jovem, 22 anos!!). Precisamos buscar formas de captar a atenção desses jovens e instruí-los de maneira correta, e acredito que o uso de um filme novo, com elenco jovem e conhecido, possa ser muito bem explorado. Eu amo cinema, e nunca neguei a ideia de como ele pode ser útil em várias funções.

Prova de Fogo, 2015
Além de tudo isso, temos um filme muito bom em entretenimento e em produção. Houve trabalho na construção dos personagens, com um elenco juvenil muito bem escolhido. Dylan O’Brien encarnou bem o assustado e atormentado Thomas, assim também estava Will Poulter como o desacreditado Gally. Temos ainda Thomas Brodie-Sangster (envelhecer nunca!) como o leal Newt, o coreano lindíssimo Ki Hong Lee como o forte e firme Minho. E as únicas mulheres do elenco, encabeçadas por Kaya Scodelario vivendo a enigmática Teresa e Patricia Clarkson como a Dr. Ava Paige.   A fotografia é bem colorida e com porções de ocre, uma alusão a universo perdido e desolado. A trilha sonora de John Paesano (que voltaria a trabalhar no próximo filme) completa o filme. A música acompanha com sutileza os momentos de correria que tanto nos agita durante a narrativa.

A sequência Prova de Fogo certamente elevou-se em caráter de qualidade de produção. Se no filme anterior, havia certas complicações no quesito técnico (os efeitos visuais na construção do labirinto não eram os melhores), neste o problema foi resolvido. Embora muito fosse discutido sobre as modificações radicais do roteiro, é obvio a tentativa de Ball se desfazer de uma possível alusão a Jogos Vorazes. Digo isso pela maneira como o livro trata de colocar os jovens novamente em uma luta de sobrevivência, como um jogo de todos contra todos. Por isso, as modificações no roteiro vieram em beneficio, pois a comparação seria inevitável caso se seguisse a risca a narrativa literária.

Entretanto, houve a introdução de personagens extremamente inúteis (e que nem no livro existiam) e que não trouxeram nenhum tipo de resolução para o assunto, como é o caso da personagem Dr. Mary Cooper, de Lili Taylor. Com algumas porções de falas, a personagem entra e sai do filme sem fazer a menor diferença. Outros personagens foram essenciais e muito bem explorados, como Jason (Aidan Gillen), Brenda (Rosa Salazar) e Jorge (Giancarlo Esposito). Talvez o motivo de existir tantos personagens, a narrativa se estendeu um pouco, mas não o suficiente para irritar o espectador.

Prova de Fogo, 2015.
O último ponto a comentar, extremamente positivo, é a maquiagem de Prova de Fogo. A caracterização dos ditos “Cranks” era uma mistura bem resolvida de Walking Deads e Eu Sou a Lenda. Aterrorizantes por sinal, as cenas de perseguição no subsolo são angustiantes, e com direito a pulos de susto e aquela agitação que o filme trás. Prepare-se para ficar exausto assim como os atores, a correria é tanta que deve ter emagrecido uns três quilos assistindo ao filme!

Maze Runner terá sua finalização em 2017 com A Cura Mortal. Mostrando firmeza em não ceder ao lucro, Ball afirmou que a adaptação não seria dividia em dois. As filmagens começam ano que vem, e assim aguardaremos o desfecho de mais uma distopia, e como uma amante de cinema sempre vejo o lado positivo desses enormes clichês.

P.S: Pra mim CRUEL é bom!


Download

Correr ou Morrer:

Prova de Fogo

Disponível no Telecine Play.







Nenhum comentário:

Postar um comentário