Zhang Yimou

Biografia e Filmografia (download) de Zhang Yimou

sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Carol (crítica e download)


A temporada de premiações do cinema americano já se iniciou nessas últimas semanas com a lista dos indicados para os diversos prêmios que aconteceram no início de 2016. Vou tentar acompanhar os filmes e se valerem a pena escrever as críticas aqui.

Todd Haynes apresentou na mostra competitiva do Festival de Cannes deste ano o filme Carol (Carol, EUA/Reino Unido, 2015), que não levou a Palma de Ouro mas ganhou o prêmio de Melhor Interpretação Feminina para a Rooney Mara. Esta última protagoniza o filme juntamente com Cate Blanchett que atua como a personagem título e na produção executiva.

Baseado no livro de 1952 de Patricia Highsmith, trata-se do drama de duas mulheres insatisfeitas emocionalmente e socialmente, que por uma eventualidade se encontram e iniciam um romance, que claro não seria totalmente aceito na época. É fato que o livro da autora busca não só introduzir o homossexualismo na literatura, mas é uma crítica bastante óbvia do dito american way of life, uma espécie de tradição forçada aos americanos na década de cinquenta de idealizar a vida. Nítido do capitalismo absurdo do país, era a lavagem cerebral que fazia com que as pessoas só se sentissem realizadas pessoalmente se tivesse com o emprego perfeito, o corpo perfeito, a casa perfeita e a família perfeita, qualquer um que fugisse a isso eram os ditos “losers” (perdedores). Essa fase da história americana foi bastante dura, e hoje é reconhecido que muito sofrimento levou para a sociedade.


Em Carol, Todd Haynes conseguiu destruir essa idealização ao mostrar o drama de uma mulher divorciada e de uma jovem que ainda não se afirmou profissionalmente. Com uma direção extremamente sensível, o filme não só quer retratar uma época passada, mas como se caracteriza totalmente como um filme do cinema clássico. O seguimento que inicia o filme já nos mostra a intensão, com o cenário com aparência de um estúdio (quando o cinema não fazia tomadas externas), a câmera caminha por entre as pessoas até focalizar no homem que nos direciona para o seguimento seguinte. Se fosse reproduzido em preto e branco, facilmente se passaria por um filme antigo.

O drama das mulheres foi totalmente expressado pela linguagem. Therese vivida por Rooney Mara, é uma jovem inocente, sua postura corporal nos induz a sua ingenuidade e pureza, embora exista uma angustia dentro de si. Isso foi muito bem expressado pelos ambientes em que ela atua: seu trabalho é um salão grande e fechado, claustrofóbico como o seu sentimento por estar profissionalmente incompleta. Ou quando ela se encontra com um amigo, e o espaço é mais uma vez fechado, a luz da persiana sobre seu corpo induz a prisão dos valores morais e tradicionais que ela estaria submetida.


Tudo muda com a introdução de Carol (Cate Blanchett) na sua vida. Os espaços começam a ser amplos, as cenas externas são frequentes, ou seja, não existe mais a prisão, a liberdade está com Carol. Entretanto, a intensão é que possamos entender o que poderia ser um relacionamento desse tipo na sociedade da época. Todd Haynes entende essa necessidade e muda constantemente a filmagem para sabermos que é imoral, proibido. Os enquadramentos de filmagem nas cenas de Carol e Therese juntas são sempre por detrás de uma porta, ou atrás de um carro, de uma janela, o diretor nos induz a ver o amor dessas mulheres da mesma forma que elas manifestam, as escondidas. Uma espécie de voyerismo que ficou extremamente marcante e perfeita para a narrativa.

O figurino de Sandy Powell é totalmente condizente com o ambiente e com a época. A cor vermelha é a predominante da narrativa, principalmente por ser uma cor que remete a paixão, e na personagem Carol ela está sempre presente, e como afirma Pablo Vilaça na sua crítica: passa ao longo do drama a ser incorporada por Therese em seu figurino. Ou seja, acompanhamos o nível do envolvimento e sedução que Carol atua sobre a jovem.


A trilha sonora de Carter Burwell é serena e clássica, com uma melodia que adoça o ambiente. Talvez essa seja a palavra que expressa Carol, um filme doce. Haynes não exagera em sensualidades, ele caminha a narrativa levemente pensada na cabeça de pessoas da década de 1950. Mulheres que não tinham o menor conhecimento de relações como essas, e por isso Cate e Rooney privilegiam os olhares, e pequenos gestos expressivos que induz o espectador a entender como o amor cresceu entre as duas.

Carol recebeu cinco indicações ao Globo de Ouro, e certamente receberá no Oscar. Não vou falar nada de Cate Blanchett porque é chover no molhado. O fato é que Rooney Mara será indicada a melhor atriz coadjuvante em ambas, e eu espero que ganhe. Sinceramente, o merecimento nem viria por esse personagem que embora esteja muito bem representado, é bastante singelo para ela. Rooney tem uma capacidade de expressão fortíssima, e com Lisbeth Salander acho que merecia o prêmio.


Enfim, vamos esperar para ver!


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4 comentários:

  1. A sua crítica e compressão da história foram fantásticas. É sempre um prazer ler uma opinião tão enriquecedora.

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  2. Eu quero abaixar filme cateBlanchett como eu fasso isso

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    1. Olá, todos os downloads disponíveis no blog são por torrent. Leia o posto http://bellyta1.blogspot.com.br/2014/06/tutorial-torrent.html e aprenda como baixar pelo utorrent, ok? Abraços!

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