Zhang Yimou

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quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Noites de Cabíria (crítica e download)

Noites de Cabíria
Diretor: Frederico Fellini



Frederico Fellini iniciou sua carreira cinematográfica como um representante do neorrealismo. Já havia trabalhado anteriormente com a realidade de Rosselini, mas não se perpetuou nesse estilo. O movimento que surgiu em meio ao final da segunda guerra, tinha como objetivo de passar o mais perto da realidade que se podia conseguir com o cinema. Em Roma, Cidade Aberta (Roma, città aperta, Italia, 1945), Rossellini se tornou um frenético em contar sua ficção, utilizando de vídeos reais da ocupação nazista em 8 mm, com imagens precárias, mas que passavam a realidade dos acontecimentos na capital italiana. 

Esta era sem dúvida a missão do cinema para o diretor, mostrar o que deve ser mostrado ao mundo. Entretanto, mesmo trabalhando varias vezes com Rosselini e começando como neorrealista Fellini aos poucos foi deixando sua marca, principalmente ao questionar: qual a verdade que deve ser passada? O que imaginamos e pensamos não pode ser a realidade pessoal? Tais questionamentos levaram Fellini a se tornar um dos maiores cineastas da história, que como ninguém conseguiu passar tanta sensibilidade nos seus filmes. Comentar sobre a sensibilidade de Fellini é essencial, principalmente diante do seguinte filme, Noites de Cabíria (Le Notti di Cabiria, Itália, 1957). Considerado este o último filme “neorrealista” do diretor, é um dos mais marcantes e belos filmes do cinema.


A prostituta sempre foi um elemento de muita curiosidade e interesse para as pessoas, pois o sexo foi e sempre será uma infinita fonte de discussão, de recriminação e suspense. Por mais avançados que estejamos o sexo ainda não é algo resolvido na mente do ser humano, mesmo que aparentemente esteja banal. A questão de ser uma relação tão intima com outro ser humano gera confusões nas pessoas, e por isso o imaginário da prostituta seja tão atrativo.  E dessa forma, utilizando a história mais clássica e real, que sempre contornaram essas pessoas que vivem de seu corpo, Fellini constrói uma personagem única e memorável.

Cabíria é uma prostituta já um pouco velha e não muito bonita, e trabalha nos pontos pobres de Roma. O filme acompanha a vida dessa mulher em sua realidade diária, de sair de sua casa da periferia. Cabíria faz parte da nova população italiana que sobreviveu a segunda guerra, e convive com o crescimento do país. Fellini trabalha com a emoção para mostrar a realidade, e assim a personagem é sonhadora e de uma vontade de sobreviver incrível! A dureza da vida é refletida no forte contraste do preto e branco, mas nunca é o principal, pois não existe um momento se quer em que a esperança está fora de cena.


Giulietta Masina (esposa de longa data de Fellini) conseguiu conquistar o público de tal forma que é impossível não se apaixonar por Cabiria. Não sei dizer quantas vezes a vontade de abraçar e confortar essa pessoa, tão viva e real, construída por Fellini. Os cenários são as vielas e zona noturna de Roma, tudo envoltos em uma trilha ideal de Nino Rota. Tudo foi recompensado com o reconhecimento digno, tendo Giulietta Masina ganhando o Prêmio de Melhor Performance Feminina em Cannes 1957, e Fellini ganhando um prêmio especial.  Sem falar o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 1958.

E como eu sempre digo, e o que me envolve nos filmes é como conseguem mostrar que a esperança sempre estará viva se quisermos, e Cabiria é a personagem que mais transmite esse sentimento. Talvez poucas vezes vou conseguir ver um olhar avassalador como o que recebemos no final de uma obra tão cruel em mostrar a esperança tão singela.


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Abraços!





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