Diretor: Fernando Coimbra
O recente filme O Lobo Atrás da Porta, de Fernando Coimbra recebeu o prêmio Horizontes Latinos no Festival de San Sebastian, e exibição no Festival de Toronto de 2014. Sem contar os outros sete prêmios em festivais pelo mundo: Guadalajara, Havana, Miami e o próprio Festival do Rio. Interessante se pensar que mesmo com tanto reconhecimento internacional, o filme aqui em seu país de origem não alcançou reconhecimento.
Em minha cidade, por exemplo, ficou exatamente uma semana em cartaz, e em apenas um cinema. Um filme com lançamento atrasado (o filme é de 2013) por aqui. Mas o mais espantoso é a falta de estimulo da mídia e até mesmo dos cinéfilos sobre ele. Enfim, uma obra desse porte, que está mostrando ao mundo como temos autores tão bons, merece sim que déssemos uma chance.
Em minha cidade, por exemplo, ficou exatamente uma semana em cartaz, e em apenas um cinema. Um filme com lançamento atrasado (o filme é de 2013) por aqui. Mas o mais espantoso é a falta de estimulo da mídia e até mesmo dos cinéfilos sobre ele. Enfim, uma obra desse porte, que está mostrando ao mundo como temos autores tão bons, merece sim que déssemos uma chance.
Retornando para o filme, podemos dizer que Fernando Coimbra com segurança criou uma crônica sobre o ódio muito bem feita. O fato é que em O Lobo Atrás da Porta não existe um vilão totalmente definido, pois as causas e consequências dos atos dos personagens nos levam até o final trágico do qual o filme. E dessa forma, Coimbra explora a faceta do brasileiro que mais impede o progresso do país: o machismo.
O roteiro conduz pela vida de Bernardo, interpretado perfeitamente por Milhem Cortaz. Ele vive um casamento meio morno com sua esposa Sylvia, com quem tem uma filha pequena. O filme é iniciado com o drama principal da trama, que é o desespero de Sylvia (determinante com Fabiula Nascimento) quando sabe que alguém foi ate a escola e levou sua filha. Pois bem, à medida que a investigação policial se inicial, a sujeira das sujeiras são reveladas com a entrada da personagem principal e emblemática, que é Rosa de Leandra Leal.
O roteiro conduz pela vida de Bernardo, interpretado perfeitamente por Milhem Cortaz. Ele vive um casamento meio morno com sua esposa Sylvia, com quem tem uma filha pequena. O filme é iniciado com o drama principal da trama, que é o desespero de Sylvia (determinante com Fabiula Nascimento) quando sabe que alguém foi ate a escola e levou sua filha. Pois bem, à medida que a investigação policial se inicial, a sujeira das sujeiras são reveladas com a entrada da personagem principal e emblemática, que é Rosa de Leandra Leal.
De inicio identificamos diretamente um vilão, que logo se tornaria outro, e na medida que os acontecimentos se passam é impossível ter qualquer tipo de afeição e simpatia por algum personagem, nesse mundo de intrigas e traições. E as traições são marcadas pela faceta podre de Bernardo (Milhem Cortaz), um personagem absurdamente brasileiro. Homem casado e com trabalho fixo e que se gaba pelas mulheres que arranja. Nesse caso, percebemos como nosso país é ainda machista, em que os homens se sentem os dominares, e o fato de ter mais mulheres possíveis os faz sentir “mais homens”. E com isso ele engana a sua nova amante, sedutora Rosa.
Coimbra se preocupa em deixar uma sombra sobre essa mulher, em que desde o inicio não sabemos ao centro quem ela é de verdade. Rosa é uma contradição, o diretor nos mostra como evidencia a ideia de punição bem clara durante o filme. Seja quando ela desaba sobre o arroz (remetendo a velha penitencia religiosa de mortificação) ou ao belíssimo segmento da Igreja de Nossa Senhora da Penha, onde a personagem anda desolada em meio a uma procissão. Não é apenas uma referencia a "Fera da Penha", onde o roteiro pegou inspirações, mas também é Rosa buscando uma redenção, mesmo estando convicta do que iria fazer.
A câmera a segue com close-ups em suas costas enquanto caminha pela estação de trem, não sabemos com o que trabalha, nem mesmo o rosto de sua mãe é revelado. Tudo isso é a técnica do diretor para que o enigma persista ate o final.
Coimbra se preocupa em deixar uma sombra sobre essa mulher, em que desde o inicio não sabemos ao centro quem ela é de verdade. Rosa é uma contradição, o diretor nos mostra como evidencia a ideia de punição bem clara durante o filme. Seja quando ela desaba sobre o arroz (remetendo a velha penitencia religiosa de mortificação) ou ao belíssimo segmento da Igreja de Nossa Senhora da Penha, onde a personagem anda desolada em meio a uma procissão. Não é apenas uma referencia a "Fera da Penha", onde o roteiro pegou inspirações, mas também é Rosa buscando uma redenção, mesmo estando convicta do que iria fazer.
A câmera a segue com close-ups em suas costas enquanto caminha pela estação de trem, não sabemos com o que trabalha, nem mesmo o rosto de sua mãe é revelado. Tudo isso é a técnica do diretor para que o enigma persista ate o final.
O filme se equilibra em uma fotografia de cores muito realistas, com câmeras tremidas e cenas intensas de sexo dos personagens. Tudo bom bem embalado com uma trilha sonora bem definida e baixa. Talvez um problema seja a sonoplastia, um pouco alta durante as cenas da estação de trem, mas nada que atrapalhe o filme. De certa forma é também essencial que o barulho do trem esteja presente, pois foi ali que os personagens se encontraram.
O finalizar do filme é o que podemos comprovar as consequências do machismo e o desprezo pelos direitos dos seres humanos, que só podem vir com a mentira e traição. Uma espécie de olho-por-olho, dente-por-dente digna de filmes de suspense, que nos estremece diante das ações que o ódio pode fazer.
O finalizar do filme é o que podemos comprovar as consequências do machismo e o desprezo pelos direitos dos seres humanos, que só podem vir com a mentira e traição. Uma espécie de olho-por-olho, dente-por-dente digna de filmes de suspense, que nos estremece diante das ações que o ódio pode fazer.
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