Zhang Yimou

Biografia e Filmografia (download) de Zhang Yimou

sábado, 6 de dezembro de 2014

Still Alice (crítica e download)

Para Sempre Alice
Diretores:  Wash Westmoreland e Richard Glatzer



Realmente filmes independentes é a melhor coisa que um ator/atriz que ame e tenha a atuação como vocação, busca em sua carreira. Na indústria cinematográfica cruel que Hollywood se materializa, essas pessoas se agarram a esses filmes em um desespero visível de pode encarar desafios e mostrar como que o cinema americano também pode ser arte.

É importe frisar isso, porque em um mesmo ano, em que a atriz Julianne Moore ganha o Prêmio de Melhor Interpretação Feminina em Cannes pelo filme de David Cronenberg, Mapa para as Estrelas (Maps to the Stars, EUA, 2014), ela também encarna uma personagem crucial no blockbuster Jogos Vorazes: A Esperança Parte I (The Hunger Games: Mockingjay - Part 1, EUA, 2014), e também se adapta em uma personagem tão humanamente real em Still Alice (Still Alice, EUA, 2014), dos diretores Richard Glatzer e Wash Westmoreland. Ou seja, os artistas tem que andar na corda bamba, dançar conforme a música que Hollywood sempre estipulou, mas ainda tendo chances de sobressair sendo “grande bilheteria”, ou o filme que ninguém conhece.


Lançado no Festival de Toronto deste ano, e baseado no livro de Lisa Genova, Still Alice é um filme essencial. Aqui os diretores conseguiram mostrar uma fração de um tipo de sofrimento que não é tanto explorado cinematograficamente. Semelhante a este é Escolha de Vida (A Short Stay In Switzerland, Reino Unido, 2009) de Simon Curtis, que nos faz acompanhar o sofrimento de uma mulher que luta por sua doença degenerativa, vivida pela super Julie Walters.

Esses dois filmes são tão diferentes da mesma fórmula que Hollywood explora. Sempre encontramos filmes melodramáticos sobre pessoas com câncer (e de maneira nenhuma menosprezo esse sofrimento), mas ao colocar a personagem Alice dizendo “Eu preferia ter câncer”, Glatzer e Wash já nos mostra como essas histórias não tem vez nas películas. Quem não se emociona com um jovem bonito e corajoso que se apaixona, e veja só, tem câncer terminal? Todas as estórias são tão idealizadas e fantasiosas que a emoção do público parte do romance e não da cruel realidade de uma pessoa que tem uma doença terminal.



Agora voltemos para Still Alice: uma mulher jovem, muito bem casada, três filhos bem direcionados, estudiosa e cientista, e veja só: Alzheimer. Os diretores trabalham em nos mostrar como deve ser esquecer-se de si mesmo, perder do seu eu.  E para que essa sensação seja passada para nós, o sofrimento aqui é por encarar a efemeridade de tudo que temos.  Para mim é difícil escrever sobre isso, porque eu não consigo imaginar como é viver assim. Mas Glatzer e Wash consegue de maneira muito respeitosa oferecer uma mão a essas histórias tão esquecidas por nós.

Aqui acompanhamos a passos lentos o esforço da personagem a se agarrar a sua vida normal, em manter a família firme e não ficar desesperada, embora ela esteja internamente. Julianne Moore consegue de forma tão emocionante passar toda a confusão e angústia que uma mulher nas seguintes situações estaria com seu corpo perdendo pouco a pouco as ordens de sua mente. E para auxiliar o trabalho da atriz, os diretores nos apresentam um filme com uma nevoa, uma neblina. Praticamente sem nenhuma trilha sonora, a fotografia com cores neutras e uma câmera tremida e embaçada durante todo o filme, não só quando é Alice em momentos conflituosos, mas em todos os momentos. Pois tudo é o mundo dela, e esse mundo está se tonando nebuloso e confuso. Esse é um ponto alto do filme, pois essa inquietação e desconforto são passados para nós. Além disso Glatzer e Wash nos mostra a realidade da doença que torna as pessoas crianças novamente, retornando pouco a pouco a infantilidade e a dependência, os diretores evidenciam isso ao finalizar o filme com a imagem de Alice criança, sendo este seu futuro.


E ainda temos um elenco muito bem formado e comprometido com o projeto. Não falo somente por Moore, mas também por Kristen Stewart que embora ainda não convença totalmente, é visível o esforço dela, e a tentativa de se livrar das garras da vampira Bella. Complementado também por Alec Baldwin, no personagem realista do marido, e Kate Bosworth e Hunter Parrish como os outros filhos de Alice. Não vou comentar sobre possíveis indicações ao Oscar, porque realmente isso não é o importante. A Academia desistiu há muito tempo de premiar quem realmente vale a pena.

Still Alice é emocionante por ser real, por não usar de artifícios além da eventualidade do fato que exista doenças, e que essas doenças são democráticas e podem chegar a qualquer ser humano do planeta, e que não podemos fugir disso. E os diretores não querem somente isso, querem também que as pessoas portadoras de doenças degenerativas como Alzheimer sejam vistas, e sejam tratadas com respeito. Ao não colocar um idoso tendo a “doença de velho”, e sim uma mulher totalmente produtiva e intelectual doente, Glatzer e Wash nos faz pensar sobre como lidamos com isso, e refletir sobre essa doença que está cada vez mais comum na população. 

Um filme sobre o respeito à vida e as memórias, e sobre o amor que faz tudo valer a pena.



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Abraços!





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