Existe um filme do
diretor Zhang Yimou, que posso dizer que é uma preciosidade oriental. Lançado em
1994, Tempos de Viver é um retrato sincero e extremamente pessoal da visão do
diretor sobre a recente história de seu país. Em diversas entrevistas, Yimou já
disse como a época da Revolução Chinesa foi importante para todos os cidadãos
em sua faixa de idade. Ele mesmo sofreu bastante durante esse processo de
mudança monarquia para república, sendo um dos milhares que enfrentarão as grandes
produções têxteis.
Bastante
reconhecido, o filme ganhou um BAFTA, concorreu a Palma de Ouro, mas ganhou O
Grande Prêmio do Júri, e o Prêmio Ecumênico do Júri, além de You Ge ganhar como
Melhor Ator, em Cannes de 1994.
Este trabalho de
Zhang Yimou uniria ambos os filmes antecessores, Lanternas Vermelhas (Da hong deng long gao gao gua,
China, 1991) e A História de Qiu Ju (Qiu Ju da guan si, China, 1992), e o que viria a ser
sua obra mais importante na época, Tempos de Viver (Huo zhe, China,
1994).
Em sua quase três
horas de duração, o diretor se concentra na história de seu país desde antes da
chegada de Mao Tsé-Tung ao poder, até os dias atuais. Utilizando como forma
narrativa a vida de uma família aristocrática chinesa, que enfrenta essas
modificações sociais ao longo dos anos.
Banido do país até
os dias de hoje, o filme se complementa com um roteiro bem organizado em uma
aula de história sobre a China. As tragédias dessa família (que como também
ocorre nos filmes antecessores, poderia ser qualquer uma), demonstra como a
política da China utilizou seus indivíduos como peões em um tabuleiro do líder
Mao. Cada acontecimento é evidencia de que a ideologia não trouxe nenhum tipo
de conforto às angustias de uma população perdida e desamparada.
O fato é que Tempos
de Viver é um filme essencialmente triste. Ao longo de trinta anos, a família
passa inevitavelmente por tragédia atrás de tragédia, e Zhang Yimou não se
esconde ao deixar claro que a revolução comunista é a culpada. O personagem
principal, Xu Fugui (You Ge) é obrigado a se alistar no exercito revolucionário,
separando a família recém-empobrecida. Ao voltar encontra sua esposa (Gong Li) e filhos
trabalhando arduamente para sobreviver. Mais acontecimentos ocorrem, e logo
esse jovem casal vê seu filho [SPOILER] morto pelo líder comunitário em um
acidente pelo de carro. A mãe desesperada Xu Jiazhen (Gong Li), não hesita em
disparar: “Você nos deve uma vida” [/SPOILER].
O diretor se preocupa em mostrar como a
revolução entrou na casa das pessoas, e afetou a vida desses comuns, pobres ou
ricas. A mensagem de Zhang é clara ao identificar que a reforma comunista era a
culpada de todas as tragédias da família retratada. A grande revolução viria a
dever milhares de vidas para a população chinesa.
O filme já carrega como título todo o real conflito das vidas aqui retratadas. São tempos de viver, não existe outro caminho a não ser este.
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