Jane Eyre (2011)
Diretor: Cary Fukunaga
Vou falar desse filme que se tornou uma revelação para mim, e me levou a ver todos os filmes desse ser e admirar o diretor que também ama esse ser. E isso foi unicamente por esse filme: Jane Eyre (2011), dirigido por Cary Fukunaga. Diretor este que está reinventando seriados policiais com True Detective.
Realmente os livros da época vitoriana, chamados de góticos, são especiais para mim, e as irmãs Brönte, as mais famosas dessa época. Já li O Morro dos Ventos Uivantes e Jane Eyre, acredito que umas duas vezes e são realmente bons. Historias intensas e tristes, mas cheias de emoções, e claro que feministas. As irmãs escritoras sempre respeitaram as mulheres, colocando heroínas batalhadoras, duras diante do sofrimento, mas que não se conformam com essa vida. São sempre protagonistas cativantes, e memoráveis. Diferente das protagonistas de Jane Austen, sempre melosas e encantadas, tão criticada pelas irmãs Brönte (não desmereço os livros de Austen, apenas exponho minha preferencia pela originalidade e feminismo na obra das irmãs). E posso dizer que esta versão do clássico foi respeitada com dignidade!
O livro (e o roteiro que foram super coerentes) trata da vida de uma garota órfã criada pela tia, mas que acaba em um internato. Já adulta, é contratada por um senhor, para que seja tutora de sua protegida.
A fotografia é com as imagens das belas paisagens britânicas, com uma superfície cinzenta, tão sombria quanto a vida da infeliz Jane. Os ângulos, os movimentos e os enquadramentos são de tão bom gosto: ver Jane pensativa pelo jardim da mansão ou correndo pelo vale, são algumas das imagens memoráveis de tão belas. Isso tudo colabora com a beleza dos cenários da mansão: mal assombrada, vazia, escura e que transmite a mesma solidão que Jane sente naquele lugar. Sem falar do figurino, tão bem feito. O diretor caminha a beleza visual com uma trilha sonora pontual e objetiva, que não explora o drama da situação da vida dos personagens, deixando tudo na medida exata.
Além dos excelentes atributos técnicos, temos aqui uma seleção de elenco perfeita, completamente perfeita para mim. Mia Wasikowska encarna Jane em tudo: seu olhar, sua expressão facial totalmente é da infeliz, da desafortunada menina órfã renegada pela tia. E seus gestos são calmos, elegantes e altivos, dignos de uma pessoa que não aceita mais o sofrimento, e luta por um lugar ao mundo. E ai entra Michael Fassbender, com o poderoso Edward Rochester, sendo digno de toda a fascinação que Steve McQueen (e eu também!) tem por ele. Aqui ele se faz misterioso, se faz erótico, conquistando Jane não por atos, mas pelas palavras, pelo entendimento do caráter e sofrimento da tutora, ao ponto que ninguém consegue decifrar as verdadeiras intensões e os segredos que esse homem guarda. Além deles temos participações primorosas de Judi Dench, Jamie Bell e Sally Hopkins, todos se fazem lembrar no filme, embora tudo seja apenas para que Mia e Michael brilhem mais.
São cenas de diálogos incríveis, que demonstram toda a carga emocional que esse filme possui. Filme como poucos que conseguem ter tanto sensualismo e erotismo em um simples aperto de mão, ou em uma respiração ofegante, num olhar ou também nos diálogos onde não há nenhum contato físico. Um filme de atuações tão sensíveis e emotivas, que a mim pelo menos foram marcantes.
Me apaixonei por Michael Fassbender nesse personagem, e ainda estou apaixonada! Um filme que não me canso de ver e encantar.
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