Rompendo o Silêncio (Braking the Silence) 2000
Diretor: Zhou Sun
Arte é algo que não tem limites de território ou cultura. O cinema para mim sempre foi a expressão artística que mais me tocou, que mais me faz ver sentido na palavra arte. E como é claro que isso vai além de um bom roteirista e um bom diretor, sou uma apreciadora de atuações. Não existe nada mais gostoso e que me dê mais felicidade do que ver um elenco bom, com atores e atrizes que se sobressaem, como eu gosto de dizer, explodem na tela. E nos últimos tempos, além de Bette Davis, venho conhecendo Gong Li, uma das melhores atrizes dessa época. E é com ela esse filme que falarei.
Rompendo o Silêncio (não sei ao certo se é esse o nome para o Brasil, pois não encontro nenhuma referencia de que tenha sido lançado aqui) foi lançado em 2000, participou de vários festivais, inclusive ganhando melhor performance feminina no Festival de Montreal, e também foi o filme escolhido pela China para concorrer ao Oscar de 2001. Um filme incrivelmente tocante e emocionante. Sinceramente, não contive as lágrimas em muitos momentos durante o filme.
Gong Li interpreta Sun Liying, uma mãe dedicada e trabalhadora, que gasta todo o seu tempo tentando educar o filho Zheng Da que nasceu surdo. Todo o filme gira em torno do seu desespero em conseguir coloca-lo em uma escola normal e não de deficientes, e para isso ela muda de trabalho, faz bicos, tudo para conseguir passar mais tempo com o menino e ajuda-lo a falar. Então somos encarregados de ver essa mãe ensinando o filho a palavra “flor”, “vermelho” ou “verde”, e sempre em uma relação extremamente carinhosa e paciente. Sempre me emociono com roteiros como esses, de mães que lutam por seus filhos e fazem de tudo, tudo por eles. E Sun Liying faz exatamente isso, com sua cabeça erguida e sem queixar-se de má sorte da vida ou desilusão. Vislumbramos um pouco do que é o amor materno.
Eu realmente acredito que Gong Li é uma preciosidade, tanto estética como em talento! Seus olhos são capazes de dizer milhares de palavras que não precisam ser ditas, e a dor da personagem é toda explorada no seu rosto. É hipnotizante vê-la atuar, e como nesse caso, com tamanha delicadeza. Ela trabalha com a vergonha e a realidade, mas também com a perseverança, talvez um pouco de teimosia, mas uma vontade de vitoria que o povo chinês tanto possui, com muita dignidade. A construção da relação do filho e da mãe é extremamente terna e de fácil compaixão com os personagens. Ressalva para o garoto, Xin Gao, excelente em seu olhar triste e excluído.
O filme de Zhou Sun está todo caracterizado pela Pequim do final dos anos 90, com as pessoas já praticamente no capitalismo e tentando viver nas circunstâncias que puder. Impressionante como que em teoria os países sejam diferentes (comunista x democracia), mas a batalha de Su Liying é igual à de qualquer brasileira do nosso país. A pensão do marido é pouca, ou nada, trabalha em milhões de turnos, vendendo produtos ilegais e sempre dançando conforme a música. Acompanhamos a sua bicicleta pelas ruas com multidões em uma fotografia realista e clara. E emocionamos com as cenas tão singelas de mãe e filho ao som de uma trilha sonora forte, pelas mãos de Zhao Jiping (de Lanternas Vermelhas, Tempo de Viver, Adeus Minha Concumbina, dentro tantos).
Interessante perceber que como lançado em 2000, foi contemporâneo de outro filme lançado no mesmo ano, Dançando no Escuro, e que ambos abordam o amor incondicional de uma mãe, que pode a tudo fazer se for para o filho. Como Sun Liying diz em vários momentos “se não fosse pelo meu filho...”. Sabe-se lá Deus onde estaríamos se não fosse o amor de nossas mães!
Donwload
Abraços!

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