Zhang Yimou

Biografia e Filmografia (download) de Zhang Yimou

sábado, 12 de agosto de 2017

A Dançarina (crítica e download)




A Dançarina (La Danseuse, França, 2016) de Stéphanie Di Giusto, entra nos sonhos e fantasias mais profunda da angustiada e sofrida Loie Fuller. Ícone do teatro e uma das primeiras expoentes da dança moderna, a artista (notará no filme que “dançarina” não se trata dela) é retratada no filme com a mesma emoção que a Loie despertava em seu público.

Com a expressão facial repleta de dor e constante tristeza, o filme revela uma pessoa totalmente sufocada pelas imposições de seu passado, as escolhas de seus pais, e de sua própria anatomia. Loie já entra no universo na arte tardiamente, e tenta superar os anos que não deixam de passar.

A abordagem de Di Giusto é interessante, pois ao caminhar por toda a preparação do conteúdo do espetáculo, do vestido e das luzes, e principalmente da preparação corporal de Loie, o filme a coloca como uma atleta, e não como dançarina. Isso vem obviamente pelo esforço que a dança e arte que ela produz exige, o que foi muito bem representado. Talvez por esse motivo, a diretora tenha se perdido nas filmagens das danças, onde escolhe não apresentar em plano aberto, tirando-nos a chance de ver da mesma forma que o público do teatro. Mas apesar disso, é belo.


Loie Fulher chegava a treinar por dias para apresentações breves, e precisava descansar por no minimo três dias após o espetáculo, diante de tamanho esforço. Em A Dançarina, isso é bem empregado, pois Loie consegue ser frágil e forte ao mesmo tempo, descontrolada e disciplinada nas relações sociais.

Uma personagem que Soko nasceu para representar, a atriz acolhe a missão com nítido amor e dedicação. Seu corpo desliza sobre os tecidos e as luzes que tanto encantaram os irmãos Lumière no século passado, e os fizeram filmar as encantadoras danças da artista.

De modo menor, temos Lily-Rose Depp, que encarna a emblemática Isadora Ducan, sucessora do legado de Fuller, embora com seu estilo próprio. Isadora não é apenas a sedutora, mas o espectro da realidade da juventude e controle de seu corpo que Loie não tem.  

Essa é a grande ironia e o conflito que a introdução de Isadora ao mundo de Loie mostra como uma das maiores artistas não tem o controle de seu corpo?

A trilha sonora é unicamente a recomposição de Max Richter de As Quatro Estações de Vivaldi e segue intensamente as danças, e se torna quase inexistente quando estas não são apresentadas. A fotografia é lindíssima, com cores escuras no ambiente e nas vestes no primeiro ato, remetendo ao próprio interior de Loie, e sua ideia de estar na escuridão. E claras no segundo ato, quando temos a entrada de Isadora, esta que se sabe remetia sua arte à cultura greco-romana. O vermelho passa a ser constante, fruto do desejo que começar surgir na protagonista.




Belíssimo de se ver.

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