Byzantium
Diretor: Neil Jordan
Diretor: Neil Jordan
Nos últimos anos o cinema anda em defasagem de temas que envolvem o vampirismo. Onde antes estava esquecido, voltaram à tona com a série Crepúsculo com seus cinco filmes com o conceito de vampiros diferentes do tradicional, e claro, extremamente românticos e “bondosos”. Acredito que modificações na tradição, adaptações que veem com as mudanças das pessoas são sempre bem vidas, entretanto se bem feitas. Embora o seu conteúdo seja de qualidade duvidosa, não se pode negar o sucesso que esses filmes tiveram, e trouxeram novamente a luz os vampiros escondidos.
Em 1994 o livro Entrevista com o Vampiro de Anne Race foi adaptado para o cinema pelas mãos do diretor que se tornou importante depois do sucesso deste filme, Neil Jordan. O longa que trazia no elenco Brad Pitt e Tom Cruise em um casal gay não explícito, também tinha Kristen Dust em um dos seus primeiros papeis. Depois de 18 anos o diretor retorna ao gênero com Byzantium.
Lançado em 2012, o filme se desenrola sobre a história de Clara, uma jovem mãe vampira que transforma sua filha Eleanor para lhe salvar. Durante mais de 200 anos elas fugiram pelo mundo, enquanto tentam proteger seu segredo. Além disso, Eleanor se apaixona e pode colocar todo o disfarce em risco diante do amor. Embora um tanto previsível, o longa não se atrapalha ao contar sua história, pois apesar disso há muitas características que o transformam em um filme bom do seu gênero.
É obvio o conflito que se existe ao colocar o vampirismo em um tom romantizado, sendo este surgido da essência do terror, ou seja, o vampiro é uma entidade maligna. Entretanto como a própria tradição dá margem para fugir a essa regra ao colocar o vampiro como um sedutor, há de se pensar em um romance a se surgir. Mas em Byzantium o romance é colocado em segundo plano, deixando que uma relação materna seja a referência para acompanharmos o drama. Clara e Elanor apresentam aparências em idade semelhante, e por um momento é duvidoso se realmente são mãe e filha, mas logo o passado de ambas é revelado e uma compaixão pelas duas surge, nos deixando se contentar com as ações de ambas, principalmente da mãe Clara. Além dessa peculiaridade de abordagem, temos também a maneira como os vampiros se caracterizam. Aqui eles não brilham ou queimam na luz do sol. Seus caninos não crescem quando vão morder sua vítima, e sim sua unha do polegar. E sim, elas se relacionam normalmente com os humanos.
Além disso, o filme consegue ser dinâmico, com momentos de bom suspense e drama, mas não entrando na categoria de terror. Como disse anteriormente, ao colocar a relação materna como o foco do filme, o romance de Eleanor com o rapaz Frank é doce e até mesmo enjoativo, mas útil para justificar as consequências das ações que transcorre no filme. Tudo é completado com sua trilha sonoro solene que visa dar um tom assombrado ao filme, como também sua fotografia. Embora os vampiros aqui não corram perigo no sol, a maioria das cenas ocorre na parte da noite, voltando à essência da ideia do vampirismo.
Em um par incrivelmente harmonioso está Gemma Arterton como Clara, e Saoirse Ronan como Eleanor. As duas atrizes conseguem facilmente cativar o público em seus papeis, e convencer em suas personagens que são mãe e filha. Incrível ver como Gemma encarou o desespero de uma mãe e o instinto de sobrevivência que mães trazem diante das dificuldades. Como é o propósito do filme, os seus atos são compreendidos principalmente ao ver o amor que a mesma tem por sua filha. Já Saoirse interpreta o personagem como sempre faz, com uma doçura que é parte de sua personalidade. E embora a atriz me agrade profundamente, temo em acreditar se a mesma conseguirá alguma vez ultrapassar a barreira de seu rosto angelical. Mas como ainda está iniciando sua carreira, tenho fortes esperanças quanto a ela.
O filme trás um enredo intrigante e bom de acompanhar. Embora não podendo ser enquadrado na categoria de terror, o filme se enquadra bem em um suspense e drama. E mesmo que o vampirismo aqui esteja disfarçado, é interessante pensar como o filme de certa forma é feminista, pois o importante é a relação das duas e como ambas aprenderam a sobreviver sozinhas. Um filme sem muitas pretensões, mas interessante para o gênero.
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Abraços!
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