Diretor: Atiq Rahimi
Talvez você não tenha precisado dos minutos de silencio e reflexão que eu precisei, ou ficou com o olhar atônito para as letras dos créditos que finalizavam o filme. O único filme que tinha me causado tamanha reação foi Dançando no Escuro, embora os sentimentos que se resultaram ao final dos filmes tenham sido diferentes. Neste caso, foi o sentimento de revolta, mas de alivio também, facilmente transpassado pelo filme.
Syngué sabour, é uma adaptação de um livro de mesmo nome, escrito pelo diretor Atiq Rahimi. Quando descobri, achei incrível porque são pouquíssimas vezes que podemos ver a visão de um escritor para tela, como se ele reproduzisse para nossos olhos o que ele imaginou, o que ele quis que imaginássemos. Rahimi é afegão mas reside na França, onde lá se formou em Letras e Cinema. Esse não é o primeiro romance, escreveu também Terras e Cinzas, livro que ele também levou para as telas. Embora A pedra da paciência seja melhor, seu primeiro romance é carregado de ternura, sobre a historia de um velho que tenta levar seu neto para a mãe. Mas em Syngué Sabour, temos aqui um filme todo falado em persa, com uma cidade não identificada, mas claro, pela vestimenta sabemos que se trata do Afeganistão.
O roteiro trata de uma mulher, mãe de duas filhas, em meio à guerra ela faz o que pode para cuidar do seu marido que está em coma. Não é apresentado os nomes, só conhecemos “a mulher”, “o marido”, “a tia”, “o soldado”. Acompanhamos a angustia da “mulher” em meio ao caos e no auge do regime talibã. O Afeganistão está aqui com toda a carga de violência que ali existe. Mas não se engane, a violência aqui é muito alem da física, é a emocional, a religiosa, a econômica. Em todos os momentos do filme “a mulher” está sendo massacrada, humilhada, derrotada de todas as formas que as mulheres diante dessa bagunça podem estar. Seja não conseguindo um remédio, seja tendo que suplicar pela ajuda religiosa. É a constante busca pela salvação da família e a sua própria, a que ela se submete.
E em meio a tudo isso, ela encontra o seu único alivio, algo que nunca aconteceria em circunstâncias normais, pois dificilmente um homem escuta uma mulher de maneira decente. Golshifteh Farahani é a encarregada desse monologo aflito e desesperado. A atriz iraniana do ótimo Procurando Elly (e peguete do lindo do Louis Garrel), está aqui sem maquiagem, colocando em prova seu talento, pois nada é mais difícil que um monologo. E então “a mulher” se abre, e tudo e acontece nesse enredo que não evita que você se emocione, e que te prende ate o final, ansiando desesperadamente por um final. E o filme não falha, entrega o solucionar dessa historia digno de um romance literário de onde é fruto.
Quanto às questões técnicas não há preocupações, temos aqui uma fotografia lindíssima, marcante no figurino de cores iluminadas em volta da neblina e a paisagem empoeirada do ambiente em que tudo acontece. Uma ressalva para a trilha sonora, já que a mesma não é o forte desse filme, embora isso nada atrapalhe no todo.
A Pedra da Paciência é um filme extremamente incomum, que te deixa sem ar do inicio ao fim. Uma espécie de Fale com Ela versão feminina, é uma reflexão dos desafios que as mulheres enfrentam todos os dias. E mesmo que os acontecimentos não sejam os melhores, ainda é uma ode a força e capacidade de superação que só quem sofre pode ter.
Donwload
Abraços!
CARA MUITO OBRIGADA <3 FAZ UM ANO QUE PROCURO ESSE FILME
ResponderExcluirreup link off
ResponderExcluirLink já atualizado ok? Abraços!
ExcluircOMO FAÇO PARA BAIXAR ESSE FILME?
ResponderExcluirA legenda não está sincronizada com o filme
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