Diretor: Kirby Dick
Sempre é importante que um cineasta que vá criar algum filme
tenha certo distanciamento do assunto em questão, principalmente se for um documentário.
Digo isso porque a obra se torna comprometida se houver muito envolvimento
pessoal no caso. Por esse fato o documentário A Guerra Invisível, consegue ser
tão competente em sua tentativa de desmascarar uma realidade infeliz e desumana
que acontece no exercito no país “mais desenvolvido”, “a maior potencia mundial”,
que é os Estados Unidos da America. Como
a direção é de um homem, Kirby Dick, o filme conseguiu ser extremamente
objetivo e ao mesmo tempo emotivo, mas nas medidas certas. Mas explicarei o porque.
A Guerra Invisível foi lançado em 2012, indicado a muitos
prêmios, inclusive o de melhor documentário no Oscar 2013. Não levou o premio,
entretanto ganhou em Sundance 2012. Dick dedica o seu filme a mostrar as incríveis
estatísticas em dados e números, como também em entrevistas a inúmeras vítimas
de abuso sexuais praticados dentro das forças armadas americanas. Ou seja,
soldados estão estuprando suas irmãs de quartel, em uma infeliz realidade de
que elas têm mais chances de serem molestadas do que mortas em combate! Uma
realidade absurda, mas que é de extrema necessidade de ser informada a sociedade.
Kirby Dick focaliza as entrevistas em cinco mulheres, onde
pode dessa forma aprofundar nas vidas delas sem que fique fragmentado o enredo
em questão. Entretanto durante todo o documentário, varias outras surgem para
dar seu depoimento. E nesses depoimentos deparamos em outra realidade, na que a
sociedade ainda não considera a mulher. As vitimas não são só vitimas do abuso físico,
mas também do abuso mental, da intolerância, da hipocrisia e principalmente do machismo.
Dick ao mostrar que nenhuma das ex soldados conseguiram que seus estupradores
fossem acusados e julgados criminalmente pelo ato, ele manda um recado claro para
todas as jovens de que “o exercito não é
um lugar seguro”. A maior de todas as ironias!
A Guerra Invisível não é um filme grande, tendo apenas uma
hora e meia de duração. Além dos depoimentos também ouvimos a parte contraria,
a das autoridades que alegam estar tratando de todo o caso, com campanhas educativas
principalmente. Ao expor a explicação e o discurso dos acusados Dick consegue
ter uma democratização nos argumentos, mas nunca sendo imparcial.
Acredito que por ter sido feito por um homem, o documentário
adquiriu o caráter de denuncia, com o objetivo de pressionar as parte
envolvidas. Talvez se fosse feito por uma mulher o documentário passaria para o
lado muito emotivo, e isso se daria por ser um assunto que nós mulheres sabemos
como é sensível e delicado. E mesmo que o documentário também aborde casos de
abuso sexual em soldados homens, os casos femininos são mais recorrentes.
É realmente revoltante perceber como que podem destruir o altruísmo
e sonhos de uma pessoa, principalmente de um povo tão patriota, atingindo sua
parte mais vulnerável, corrompendo algo que remédios e terapia não conseguem
atingir, que é a alma. O excelente documentário revelou que o país que possui a
melhor força militar do mundo, e que enfrenta todas as guerras que se for
preciso, se torna inútil e indiferente em uma guerra em si mesma, e não pode
proteger suas mulheres. E que pelo visto não vai vencer essa grande e infeliz
ironia.
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Abraços!
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