Casa de Areia e Névoa
Diretor: Valdim Perelman
O título gera uma confusão, talvez possa ser um filme de suspense ou terror. E porque não dizer que é? Se é tanto sofrimento que essas pessoas passam, e a desilusão de quando a esperança vai embora e só o medo passa a reinar. Tudo isso foi reunido nesse filme belíssimo, onde cada ação tem suas consequências.
Baseado em um best-seller de mesmo nome escrito por Andre Dubus III, a história narra a vida de um ex-militar do Irã, que vai aos EUA com a família para começar uma vida nova. Ao comprar uma casa, não sabia da irregularidade do imóvel, e da vontade e direito de propriedade da dona. O emigrante é vivido por Ben Kingsley, ator multifacetado e super premiado por seu Gandhi. Aqui ele é o trabalhador, o homem que tenta a todo custo caminhar com sua família para uma nova vida, para o tão famigerado "sonho americano". E o objeto que materializa esse conceito é a casa disputada. Do outro lado temos também a antiga proprietária, feita com o olhar angustiante de Jennifer Connelly, onde seu desespero maior é de perder a residencia que pertencia a seus pais, por pura negligencia de sua parte.
A discussão que o filme envolve é importe, pois são vários lados de uma mesma história em que ninguém pode ser culpado dos acontecimentos que surgem. E principalmente por expor uma realidade da nação americana tão comum para os que embarcam em busca de uma realização e de conquistas do sonhos. A burocracia para resolução de problemas, o desespero pela falta de dinheiro, e a xenofobia. Sem falar quanto a questão de apresentar uma família de refugiados iranianos que fugiram do regime islâmico do país.
E ainda sim o roteiro trabalha de uma maneira bem sensível, não buscar incentivar o ódio de nenhuma das partes, e mais ainda mostra como as pessoas podem ser boas mesmo com aqueles que não lhes agrada, mas que precisa de sua ajuda. Chega a um ponto em que você sente que tudo se resolverá, pois o sofrimento é tamanho que é impossível acreditar que tanto ódio e má sorte exista, e sua vontade de multiplicar aquela casa te acompanha ate o final. Mas como a personagem de Connelly toma aversão pela casa, percebemos que o problema nunca realmente foi o imóvel, e sim a esperança que foi depositada em excesso nesse objeto que simbolizava toda a desilusão por não encontrar a felicidade. Como é duro ter que encarar que todas as suas tentativas não evitará que tudo se resolva, e que você possa descansar quando deita na sua cama!
Esse filme sempre esteve nas minhas listas de favoritos, pois sinto uma enorme compaixão por cada personagem e dor que eles passam. Não há cores no filme, é tudo muito sombrio e nublado, mesmo que o ambiente seja um litoral. Mas é compreensível, não há motivo para tanta luz em uma vida de escuridão. O filme é um retrato de algo que pode ser mais comum do que pensamos, e de quais as consequências que sofremos quando deixamos que nossos sonhos nos guiem e esquecemos da realidade.
Li por alguns sites que uma nova adaptação esta sendo feita, dirigida por James Franco. Sendo um roteiro baseado em um livro não há como evitar que um diretor faça sua versão cinematográfica, mas não evita que isso seja desnecessário. Não vejo sentido em trabalhar em um projeto, quando um outro já foi feito e corresponde a qualidade necessária de uma adaptação literária. Enfim, visualizo uma chance de um diretor trabalhar em algo novo e inovador.
Donwload
Abraços!
Nenhum comentário:
Postar um comentário