Direção: Joel e Ethan Coen
Demorei mais de um ano após seu
lançamento, para ver o tão interessante Inside Llewin Davis – Balada de Um
Homem Comum (Inside Llewin Davis, EUA, 2014), dos Irmãos Coen. Além do fato que
isso contribuiu para que eu me preparasse um pouco, assistindo aos outros
filmes dos diretores que não tinha visto ainda. Fiquei surpresa ao reconhecer
como que eu gostava desses dois.
Talvez o mais intrigante da
linguagem de Joel e Ethan é que existe uma característica tão forte e atrativa
que de maneira inexplicável, ainda não consegui descrever. Mas o que posso
dizer é que seus roteiros tão bem relacionados e com diálogos tão simples
conseguem criar uma personalidade inteira e complexa para seus personagens. Sem
falar com certeza de que eles são uns dos poucos que conseguem ter uma
filmografia de alta qualidade em meio ao sistema de Hollywood. Com isso, podem dispor de elencos estrelares
até, como ocorreu em Queime Depois de Ler (Burn After Reading, EUA, 2008), que
tinha Brad Pitt, George Clooney, Tilda Swinton e John Malkovich. Pense bem, acho que seria barato!
Retornando a Inside Llewin Davis,
posso dizer que o nome adaptado no Brasil faz realmente justiça ao filme.
Balada de Um Homem Comum chega ate ser eufemismo, visto que o protagonista nada
mais é que um fracasso como pessoa, como profissional e social. Levando o
enredo para a Nova York dos anos 60, os irmãos Coen tratam de contar a estória
de um jovem que busca seu reconhecimento na música folk. Mesmo sendo uma
abordagem fictícia, o roteiro utilizou poucas bases biográficas de Dave Von
Ronk, um desconhecido sobrevivente do sonho do sucesso dessa época.
Partindo daí, o filme se
encarrega de nos conectar com Llewin (Oscar Isaac) em seu fracasso diário. Como
se nada desse certo para ele, até mesmo seu nome é complicado e difícil de ser
pronunciado, mais um dos empecilhos para um eventual sucesso. Ele não se compromete com sua vida pessoal,
sempre se desvencilhando de qualquer tipo de afeto ou inteiração social, muitas
vezes abdicando de seu orgulho e arrogância para pedir ajuda, mas nada mais ele
quer dessas pessoas. No filme, seu único traço de carinho e preocupação para
com algo além dele é com o gato que ele acidentalmente acha. E apesar de tudo
isso, é simplesmente impossível não se simpatizar e sorrir com esse
protagonista desconhecido.
Interessante que muito me veio
outro desconhecido que também lutou por seu espaço no cenário folk, que foi
Nick Drake. Embora os ambientes fossem diferentes (Drake em Londres, Llewin em
Nova York, berço dos grandes Bob Dylan e Joan Baez), ambos sofreram pelo
anonimato e pela impotência diante da falta de estrutura psicológica e
emocional para superar esse estreito caminho do sucesso. É disso que os Coen se
preocupam em mostrar, como milhares atravessam o mar, mas como poucos chegam à
terra firme. Isso é tão claro, que a manobra de linguagem dos Coen é colocar
Llewin em corredores tão estreitos e claustrofóbicos. Mas essa é também a questão, são poucos,
muitos poucos que conseguem, e só os vitoriosos merecem ser lembrados? Por que
não mostrar um retrato dos que ainda não conseguiram, e os que precisam superar
e continuar a viver o inevitável destino do “subexistir”?
Ocupando o posto de “segundo
lugar” em Cannes 2014, levando o Grande Prêmio do Júri, o filme é de uma
simplicidade estética e técnica belíssima. A trilha sonora que é parte
principal da linguagem empregada se mistura com músicas tradicionais e famosas como
“500 miles”, “The Death of Queen Jane” e “Farewell” de Bob Dylan, outras que ainda não
conhecia, mas que me agradaram muitíssimo, entoadas muito bem por Oscar Isaac,
Carey Mulligan e Justin Timberlake.
Além disso, é preciso que o mundo
de Llewin fosse tão sem graça e frio como o próprio personagem se
apresentava. Não só preferindo passar a
estória no inverno de Nova York, a fotografia é azulada e acinzentada. Tudo é
muito frio no filme, até mesmo os personagens coadjuvantes que de maneira
simples nos mostram cada características da personalidade de Llewin. Não
sabemos nada sobre eles, mas sabemos tudo sobre Llewin, e sabemos que ele não
vai a lugar nenhum.
“Filmes sobre sucessos já foram
feitos” é a resposta tão digna de Joel Coen e que dá o sentido tão especial e
de conexão que precisamos para “estar dentro” do real, Llewin Davis.
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