Zhang Yimou

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terça-feira, 17 de novembro de 2015

A experiência cinematográfica de Shia LaBeouf - #ALLMYMOVIES


Durante os dias 10, 11 e 12 de novembro no Angelika Film Center em Nova Iorque, podemos acompanhar em tempo real o ator Shia LaBeouf assistindo interruptamente todos os filmes de sua carreira. Bizarro? Talvez sim, mas é inegável o poder dessa experiência para o ator e as análises que podemos tirar sobre o cinema.

O projeto #ALLMYMOVIES foi idealizado pelos artistas Nastja Säde Rönkkö da Finlândia e o britânico Luke Turner. Shia já havia se envolvido com um projeto anterior da dupla artística, #IAMSORRY. Na performance, o ator ficaria um determinado tempo sentado em um quarto em uma galeria de Los Angeles, com um saco de craft no rosto com a frase “I am not famous anymore” (Eu não sou mais famoso). Ele encarava diversas pessoas que por ventura viriam até ele, durante cinco dias. Logo após a performance, Shia disse que foi estuprado por uma das visitantes. Diante do lamentável ato, a experiência foi finalizada antes do tempo. Todos sabemos que Shia não está uma pessoa totalmente estável emocionalmente, e por isso ele resolveu aparecer no Festival de Berlim com este mesmo saco, o que gerou diversas críticas ao ator.


Enfim, voltando ao #ALLMYMOVIES, temos novamente Shia como o protagonista da performance. O ator de 29 anos começou sua carreira na infância, trabalhando inclusive em séries da Disney Chanel. Durante o projeto, ele assistiu a todos os seus filmes em ordem cronologia inversa, ou seja, dos mais recentes até os mais antigos.

É inegável como essa experiência é interessante. Ao colocar uma câmera de enquadramento fixo no rosto do ator em tempo real, estamos dentro das emoções e sentimentos que involuntariamente se manifestam do ator. Shia nem mesmo sabia onde estava essa câmera, não havia motivos e nem chances de disfarces e máscaras enquanto ele encarava um dos piores pesadelos de qualquer artista: o de se assistir. Ao vermos entrevistas de diversos atores e atrizes sabemos como é difícil ver um filme do qual este atua. O perfeccionismo e o ego são ativados em escala máxima, e o desconforto é nítido. Além do fato de assistir lado a lado de estranhos e comuns, as pessoas que de fato consomem o produto que você produz. E isso notamos na experiência de Shia.


Com milhares de memes que foram criados diante disso, podemos ver como as emoções do ator se adaptaram em cada estágio da sua carreira. É muito mais que apenas assistir aos seus filmes, é um processo de reflexão do Shia “interno” e o Shia “externo”. A possibilidade do streaming é de nos mostrar essas duas partes de uma mesma pessoa, a união - quase que impossível para um famoso – do ser privado e do ser público. Para o próprio Shia naquele momento, ao estar em um cinema com entrada livre, já não existe essa distinção entre essas duas partes do seu “eu”, ele passa a ser apenas um espectador, um comum e que eventualmente se sensibiliza, emociona, entedia ou estressa com o filme. Porque é exatamente todos esses sentimentos que o cinema nos transmite, não há como estar imune a qualquer filme, seja ele de arte ou não.  O cinema é uma manifestação sensitiva que traz experiência únicas.

Durante os três dias ao vivo podíamos ver a sala lotada, a sala vazia, e claro como isso se manifestava em Shia. Há momentos, como foram expressados por ele posteriormente, de pura solidão, seu olhar era vazio, insatisfeito. Em outros ele sorri, o olhar brilha e percebemos o orgulho diante de algum trabalho satisfatório para o ator. Há momentos de muito ânimo com direito a palmas, risadas em confraternização com os visitantes, sem nunca sabermos exatamente qual filme Shia está assistindo naquele momento. Talvez quem conheça a filmografia do ator possa adivinhar diante das manifestações do público e dele. Por exemplo, a vergonha e desconforto ao assistir Transformers 3: Shia se encolhe na cadeira, esconde os olhos e por fim dorme diante do constrangimento do filme.



Um dia após a conclusão do projeto, reunido com os artistas idealizadores da performance, Shia concedeu uma entrevista relatando como foi estar envolvido nisso. De forma bastante honesta e sincera, o ator disse como tudo refletiu na auto aceitação como uma pessoa pública. “Eu estou andando pelas ruas e estou sorrindo, como um personagem de desenho animado... Eu senti apoio extraordinário (...) as pessoas não estão recebendo só o lado artístico de você, mas eles estão recebendo o seu lado humano, observando que, você compartilhou tudo”. Além do amor próprio e da autoconfiança que ele precisava ter. “Eu apenas sei que posso explicar a sensação como, eu me sinto mais leve hoje. Eu sinto o amor hoje. ”Um experimento importante para um estudo como pessoa famosa e como o comum que se enconde diariamente.


Você pode ver a transmissão no site NewHive aqui.
Leia a entrevista completa LaBeouf, Rönkkö & Turner aqui.

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