Zhang Yimou

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sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Trumbo: Lista Negra (crítica e download)


No universo do cinema, Hollywood é o núcleo de forma que o mantém vivo e completo, é fato. Por possuir esse poder, é raro vermos um filme de Hollywood mostrando os podres da história de Hollywood. Quando isso ocorre é obvio que o passado já não faz nenhuma diferença e não interfere em nada no seu poder, mas não deixa de ser menos interessante recordar.

Dalton Trumbo (1905-1976) foi um escritor e roteirista americano, que trabalhou na época do cinema clássico. Era bastante querido pela comunidade artística, e pelos cineastas. Possuía uma carreira consolidada, mas era assumidamente comunista. Com a Guerra Fria, uma investida por parte do governo tratou investigar uma possível “infiltração” de espiões comunistas na indústria cinematográfica. O chamado Hollywood Tem, foi um grupo de 10 profissionais do cinema que foram intimados e que teriam se negado a testemunhas no tribunal do Comitê de Investigação de Atividades Antiamericanas do Senado dos Estados Unidos. O fato foi que algumas dessas pessoas foram presas, dentre elas Trumbo, e passaram a compor uma lista negra, de pessoas banidas do cinema.


Desde o início, o cinema nunca deu o devido credito e importância para os roteiristas, embora sejamos sinceros é o que cria a base necessária para que um diretor consiga produzir. Não importa a perfeição técnica que uma obra possa ter, se não houver um texto que sustente tudo, ninguém aguenta. Isso é importante ser lembrado, principalmente pelo contexto que o filme de Jay Roach se concentra em Trumbo: Lista Negra (Trumbo, EUA, 2015).

Com elenco de peso, com Bryan Cranston interprendo com tanto carisma o protagonista, Diane Lane como a esposa do roteirista Cleo e Helen Mirren que vive a comentarista de cinema e atriz fracassada Hedda Hooper. Esta última foi muito conhecida na época, popular no meio artístico e cabeça do movimento dentro da indústria de “recuperação dos valores morais americanos”. No filme o diretor optou por coloca-la como a vilão principal, o que Mirren conseguiu com maestria ao apresentar uma pessoa que beira ao insuportável.

Preferindo ir no caminho contrário ao drama puro que a história poderia proporcionar, o roteiro de John McNamara conduz o filme em um formado de quase comédia, refletindo comportamento humorado que Trumbo possuía, o que era possível perceber em seus textos. Sem medo de mostrar os culpados e a hipocrisia da sociedade na época, o diretor expõe o ridículo do medo que o comunismo passou a ocupar na mentalidade popular.


Essa época de “caças as bruxas” chegou a todos os países da América, sendo o resultado direto aqui no Brasil a ditadura. Minha mãe dizia que na sua infância os adultos falavam que “comunistas comiam criancinhas”, utilizando essas frases absurdas para ameaçar a criança por alguma travessura.
O fato foi que Trumbo era confiante não só no seu talento como roteirista, mas fiel as suas convicções. Foi banido do meio artístico após sua intimação e prisão, e passou quase vinte anos trabalhando clandestinamente, com nomes falsos ou amigos assinando por ele. Jay Roach leva o conflito gerado por seu idealismo para dentro da família, e não deixa de mostra como tudo interferiu na relação do mesmo com sua esposa Cleo e seus filhos.

Trumbo se preocupa com uma direção de arte eficaz e bonita, além de uma trilha sonoro bem editada no contexto. E vale pensar nos efeitos especiais que foram bem feitos, com o dinamismo entre os vídeos reais dos inquéritos e a introdução dos personagens nas cenas, sem medo do preto e branco. O diretor queria introduzir realmente o espectador na época e no momento.

Ironicamente, om algumas indicações ao Oscar, Trumbo consegue ser atual, ao mostra como Hollywood nunca aceitou o diferente e a possibilidade da diversidade.


Abraços!


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