Existe filmes que nos proporcionam experiências bem intensas.
O primeiro da minha lista é Dançando no
Escuro (Dancer in the Dark, Dinamarca/Reino
Unido, 2000) de Von Trier. Foi a
primeira vez que ouvir Björk e
depois disso mudou toda a minha noção do que era música e arte. Enfim, o fato é
que este foi um filme extremamente perturbador, e foram dias com os sentimentos
que ele trouxe. Até hoje não consigo escrever uma crítica sobre ele, do tamanho
impacto que me causou.
Assim me comportei após ver o devastador O Filho de Saul (Saul fia,
Hungria, 2015) de László Nemes.
Ganhador do Grande Prêmio do Júri do
Festival de Cannes 2015, o filme também conseguiu atrair a simpatia da
Hollywood comandada pelos judeus, e ganhou o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro neste ano.
O pôster do filme é muito bem feito, e mostra muito bem a
atmosfera que envolve toda a narrativa. Ambientada em um campo de concentração
nazista durante a Segunda Guerra Mundial, o drama acompanha a jornada em um dia
do judeu Saul Ausländer (Géza Röhrig). Ele trabalha forçadamente
na área de extermínio do campo, e durante seu trabalho encontra seu filho. Uma
batalha se inicia para que ele possa enterrar dignamente seu filho.
László Nemes não utiliza um roteiro linear e coerente. Muito
pelo contrário, desde o texto até a fotografia e a técnica de filmagem é intencionalmente
confusa e perturbadora. O diretor se preocupa em que todos os sentidos de
desconforto sejam ativados no espectador para que possamos realmente sentir o
mínimo as cenas extremamente fortes das câmeras de gás.
Nessa perspectiva, utilizando muito de planos-sequências, ele conduz em meio a um ambiente
muito escuro, seguindo as costas do inquieto Saul enquanto tenta equilibrar seu
trabalho com a luta para encontrar um rabino que realize sua vontade. A câmera é
tremida, a visão é turva e nebulosa, mas o som está forte e os gritos são
constantes durante todo o filme.
Alguém me disse que este seria o melhor filme sobre o
nazismo já feito, e não sei se concordo ou não. Filmes sobre a Segunda Guerra
sempre existiram porque é fato que este acontecimento é uma mácula na história
da humanidade, e mesmo que os genocídios continuam existindo (Sírios e
Africanos), a pressão dos fatos que culminou em grandes mudanças para as
sociedades futuras ainda dá “pano para a manga” para novas obras fílmicas.
Certamente eu nunca vi nenhum filme sobre o nazismo que
tivesse a coragem que O Filho de Saul teve. O experimentalismos visceral de László Nemes, levou o conflito para
dentro de um dos piores atos humanos, e se tornou impossível ser imune a
pressão que ele conduziu a narrativa. Com um final mais deprimente que o filme
inteiro, a perturbação é o resultado esperado pelo diretor.
Sem dúvida merece todo o reconhecimento que obteve, e
mostrando mais uma vez que este assunto nunca sairá “de moda”, mas que tem a tendência
a nos assustar mais e mais diante das abomináveis ações dos homens.
Abraços!
Oi Bellyta.
ResponderExcluirParabéns pelo blog que descobri procurando o Sorgo Vermelho Já não está mais pq o Kickass foi derrubado pelos americanos.
De qualquer maneira estou dando uma "circulada" e me deparei com o filho de Saul. Concordo com sua crítica, mas, humildemente minha ignorância me leva a confessar que, ou viajei vendo o filme ou sou mesmo um tanzo; não me dei conta que o menino era filho dele!!! pode?
abrs
baggio47@gmail.com
Oi Marco! Muito obrigada por sua visita ao meu humilde blog! Só para você saber que o link do filme Sorgo Vermelho já está atualizado, como todos os outros do Zhang Yimou. Sobre o filme O filho de Saul, sério mesmo que você não percebeu? Mas o próprio personagem comenta isso durante o filme, viu. Talvez você deu uma pescada realmente hahaha Abraços!
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