Eu sou meio apaixonada pela Kim Tae-Ri! Eu me apaixono por
atores/atrizes que já mostram um talento absurdo logo no inicio de carreira! A
coreana estreou no seu primeiro longa com A
Criada (Ah-ga-ssi, Coreia, 2016),
como a protagonista Sook-He. Ela é absurda! Um carisma incrível, e modo de
atuar completamente diferente ao típico coreano (não me refiro que ela trabalhe
ao modo ocidental, de jeito nenhum), ela tem um estilo próprio.
A Netflix está transmitindo a ótima novela protagonizada por ela, Mr. Sunshine (que estou amando,
recomento), mas venho comentar sobre Little
Forest (Liteul Poreseuteu,
Coreia, 2018). Que descoberta prazerosa é esse filme!
Sendo um remake da exitosa duologia
japonesa de mesmo nome, que por sua vez foi inspirada em um mangá de sucesso no
Japão. Eu não vi a versão japonesa, não quero e não preciso comparar nada.
Talvez eu anime em ver algum momento, mas digo que a versão coreana é
suficiente para mim.
Little Forest tem seu foco em Hye-Won (Kim Tae-Ri), uma jovem que
vive em Seul , trabalha em uma loja de conveniência e vive um relacionamento sem
proposito. Ela decide voltar para o campo, na cidade onde nasceu, para passar o
inverno. Uma busca para se redescobrir e principalmente para reconstruir suas raízes.
O simbolismo do motivo principal
do retorno, “voltei porque estava com fome”, é uma ironia ao demonstrar as
diversas formas de fome na vida da personagem. Na vida da pessoa urbana por
assim dizer. Em uma sociedade coreana,
em que a busca por um trabalho, pelo anseio material é obsessivo, que jovens se
entregam facilmente ao álcool como única forma de conseguir recuperar as forças
após um dia de trabalho. Hye-Won desiste de persistir no erro, e volta para
recuperar as raízes que sua mãe ajudou a plantar. Pois por mais que fujamos, não podemos nos desconectar do lugar que crescemos.
O filme todo é conduzido nas
lembranças da infância com sua mãe, e como esta a ajudou a criar o laço que o
ser humano perde quando vai para a cidade, da natura e o homem. Ao dedicar seus dias a cuida da terra, e
tirar seu sustento dela, Hye –Won consegue entender a parte que lhe falta.
Além de doses suaves de humor,
temos uma ligação de amizade bonita. Hye entende cada um de seus amigos, cada
um dos seus anseios e defeitos. Ao mesmo tempo que os amigos percebem a pessoa
que ela quer se tornar. Mas nada é igual ao relacionamento com a mãe.
Usando a comida, como a forma
concreta da união das duas, temos lindas cenas de sintonia entre os
personagens. A mãe sabe exatamente o que a filha precisa, sabe os limites e o
que precisa abdicar por ela. Não é atoa que a casa é pequena, com a cozinha
sendo o foco principal do ambiente.
A câmera sempre enquadra as duas
de forma que a cozinha seja o plano de fundo. Todos os momentos de reflexão não
vem durando o preparo da comida, e sim no momento da refeição. Quando elas estão abastecidas e agradecidas
pelo o que a terra lhes dá, uma parte delas é reconstruída.
Little Forest é um filme
essencial. É a reflexão que precisamos fazer sobre o excesso do materialismo,
da falta de motivo. Principalmente, nos reconectar com a natureza do nosso
interior, que é reflexo da natureza exterior que nos dá tudo, mas que
insistimos em esquecer na selva de pedra que construímos em nós mesmos e
vivemos.
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É um filme muito bonito em tudo, e da muita fome!
ResponderExcluirSabe aquela sensação de se sentir aquecido em um dia frio? É essa sensação que esse filme traz. A filmografia é deslumbrante, ao mesmo tempo que é simples. O texto é de uma sensibilidade e perspicácia tão gostosa e acolhedora. E nem comento sobre a atuação da Kim Tae-Ri, que certamente deixou tudo mais especial. Amei ler sua crítica sobre o filme. Pude ver novas perspectivas que eu não tinha percebido anteriormente. Acho que cada vez que assisto e leio sobre o esse filme, mais eu me encanto.
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