Desde que Diane Kruger ganhou o premio de melhor atriz em Cannes 2017, que
desejava ver o filme Em Pedaços (Aus dem Nichts, Alemanha, 2017). Já tem
meses que fiz o download e está na minha pasta de filmes, mas nunca me dediquei
a ele. Por fim, assisti ontem na estreia do Telecine Cult.
O filme de Fatih Akin esteve entre os indicados a Palma de Ouro, e ganhou o
Globo de Ouro de melhor filme estrangeiro. Tudo de forma merecida! Escrito e
dirigido pelo alemão de ascendência turca, trás Diane Kruger em seu melhor
trabalho. Um papel que é visível à dedicação por parte da atriz. Eu que amo
Troia, e detestava a atuação dela no filme, quem pensaria como Diane cresceria
como atriz dessa forma.
Com o roteiro que gira em torno
da vida de Kadja, uma esposa e mãe que tem seu mundo virado do avesso ao perder
seu marido e filho em um ataque de bomba no local de trabalho. O desespero é
maior ao saber que os causadores da tragédia foram membros de grupos nazistas.
O marido é de origem curda.
Acredito que o mais interessante
é que Fatih Akin não cria personagens socialmente vistas como “exemplares”, mas
ainda assim vitimas. Colocar o marido como um ex-traficante, e com um duplo
sentido de não sabermos realmente se ele ainda trabalhava com coisas ilegais,
não tira em momento algum a revolta pelo ataque. Nuri e seu filho Rocco, foram
brutalmente assassinados por sua origem étnica, somente isso. O que por si só é
a mais das abomináveis coisas que existem.
A justiça aqui mostrada é
controversa, e com uma sensação amarga de conivência. Com destreza, o filme
detalha o julgamento, mostrando como pode ser nojento e surpreendente o
trabalho dos advogados, deixando de forma intrigante a narrativa.
As cores são frias, sempre sendo
filmadas no inverno. Kadja está sempre de preto, em um luto que se inicia antes
da tragédia. A trilha sonora de Josh Homme é quase imperceptível, permitindo
que os sons naturais e o silêncio sejam intensificados, com o intuito de deixar
a narrativa a mais “crua” possível.
Talvez seja esse o objetivo de
Fatih, deixar tudo o mais cru e seco possível. Não há espaço para vida em atos
que envolvam crimes de adeptos ao nazismo. O final é realista, ao mostrar o nível
da destruição que o ódio pode trazer.
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