Minha cara desaparecer por quase
dois anos, e voltar com um comentário de romance sapatônico, né? Enfim, mas
estou de volta!
Esses dois últimos anos foram de
renovações na minha vida, de muitas novidades e mudanças que exigiam que me
focasse em outras coisas. Me apaixonei e “desapaixonei”, voltei a estudar, comecei a bordar, enfim, tanta coisa
aconteceu! Mas agora sinto que pode ser uma boa hora para retornar ao blog.
Eu iria começar este ano com
Parasita, mas acho que seria obvio demais, vamos então do filme que enrolei
horrores para assistir, e hoje me arrependo: Retrato de Uma Jovem em Chamas (Portrait
de la jeune fille en feu, França, 2019) de Céline Sciamma.
Lembro-me da repercussão do filme
no festival de Cannes do ano passado, tanto pelos comentários positivos ao
filme, quanto ao relacionamento de uma das atrizes principais Adele Haenel com
a diretora. Mas acredito que as criticas positivas foram o que me incentivaram
assistir essa arte.
Sim, arte. O filme em si gira
totalmente em torno da arte, da beleza da arte e da criação. Marienne (Noémie
Merlant) é uma pintora contratada para fazer o retrato de Heloise (Adele Haenel),
sem que esta saiba que está sendo retratada. O silêncio e a serenidade do filme
se dá por essa constante observação da pintora para com sua musa. A câmera conduz nosso olhar observando cada
detalhe do rosto de Heloise, como se nossos olhos fossem os de Marienne. E
assim como a pintora, também passamos a ficar fascinados com os mistérios que
Heloise aos poucos vai se revelando.
Eu como pessoa formada em artes,
não posso deixar de dizer como é delicioso ver os cenários correspondentes a um
ambiente de criação. Marienne arruma a sala, cobre as janelas para controlar a
entrada da luz, posiciona o cavalete. Mostra a posição correta para Heloise,
escolhe a maneira correta de segurar as mãos, arruma o vestido, e se apaixona.
De forma serena, o envolvimento
das duas se torna intenso, de uma forma que só o conhecimento que a intimidade
trás pode proporcionar. Embora seja constante a sensação do termino, o
sentimento é tão lindo que alimenta as esperanças de nós, meros mortais que
acreditamos em romances puros.
Acho importante frisar, como o
filme registra tão poucas imagens masculinas.
Marienne chega até a casa de Heloise por meio de um barco, onde
marinheiros a levam até uma ilha próxima a costa. É apenas nesse momento que
surgem homens em cena, como se a jovem pintora fosse se refugiar em uma terra
como Trácia e Lesbos, onde apenas mulheres vivem. E assim continua o filme,
onde em sua maior parte só a mãe de Heloise, vivida por Valerie Golino, e
Sophie (Luana Bajrami) compartilham a casa com a pintora e a musa.
Estou encantada com Retrato de
uma Jovem em Chamas! Encantada com a ternura, coma delicadeza e a bela sensação
de que o amor pode ser infinito. Vejam!
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